A jornada da heroína de cada uma de nós

A jornada da heroína de cada uma de nós

a jornada da heroina de cada uma de nós

Escrito por Bruna Pinheiro

09/05/2024

A jornada da heroína de cada uma de nós

Imagine qual foi a minha surpresa em conhecer a Jornada da Heroína, livro de Maureen Murdock, em 2023.  11 anos depois de ter ingressado na faculdade de Comunicação Social – Relações Públicas que me possibilitou o contato com a Jornada do Herói de Joseph Campbell.

Acontece que a Jornada da Heroína trata-se de um modelo circular que ilustra o caminho percorrido por uma mulher em seu processo de autoconhecimento em busca da sua individuação. Autoras importantíssimas como a Dra. Clarissa Pinkola Estés, de Mulheres que correm com os lobos e A ciranda das mulheres sábias, também contribuíram acerca desse mesmo assunto, porém de forma mais densa e também poética.

Maureen Murdock nos apresenta um mapa que podemos observar e encaixar em nossas próprias vidas para perceber onde estamos na jornada de (re)conexão com nossas almas. Me dei ao trabalho de relacionar cada uma das fases descritas pela autora com momentos vividos na minha trajetória. Compartilho contigo um fragmento dessa história para que possa me conhecer mais de perto e, quem, sabe, se inspirar a buscar o teu próprio quebra-cabeças. Vamos lá?

Separação do feminino

Muitas de nós devem lembrar da primeira vez em que sentiram desconforto ou vergonha por ser mulher… Eu lembro de sentir um misto de vergonha e raiva quando os meninos da sala começaram a me tratar diferente porque meu corpo começou a mudar e os hormônios deles começaram a ferver… Lembro do gosto metálico na boca no dia que minha primeira menstruação desceu. Lembro das roupas manchadas de sangue, da vergonha e da confusão. Eu era uma menina, não queria “ficar mocinha”… “Preciso de um absorvente”, logo, “preciso contar para alguém” mas “não quero incomodar”, “que vergonha pedir ajuda”…

Os meses que se seguiram foram marcados por muitas cólicas menstruais.. Uma dor que eu nunca tinha sentido antes e que me virava do avesso de tempos em tempos… “Que raiva ser mulher” eu pensava. “Queria ser como os homens”… “Talvez se eu tivesse nascido homem recebesse mais atenção do meu pai”…

Identificação com o masculino e conquista de aliados

Não demorou para eu começar a namorar, aos 14, um menino que era o próprio esteriótipo do “macho”. Sofria bullying em casa e performava o valentão fora de casa, tinha explosões de raiva e era agressivo. Mas eu preferia focar no fato de que ele me tratava bem (às vezes) e me “amava demais”. Eu era (sou?) uma romântica. Cega, como de costume se é quando se está apaixonada. E aquela identificação com o masculino tóxico expressa nessa relação durou uma década. Dos meus 14 aos 24 anos.

Já adulta, me aliei a homens no início da minha carreira. Chefes, colegas, parceiros… Eu sentia como se precisasse deles para me sentir segura.

Caminho de provas: encontro com ogros e dragões

Minha jornada com o masculino foi, de longe, problemática. Sofri violência, abusos de todas as naturezas, traição, manipulação. Foram muitos monstros materializados na minha frente. Não foi um caminho fácil.

A dádiva ilusória do sucesso

Mas eu estava sempre reerguendo a cabeça e seguindo em frente em busca daquilo tudo que sempre foi nos dito para perseguir: sucesso. Tinha sido uma aluna exemplar que só tirava boas notas, que fez cursinho pré-vestibular junto com o 3º ano do ensino médio e passou em 3 faculdades federais no primeiro vestibular. Eu estava sempre buscando sucesso. Logo após formada, enviei currículos para todos os sites de emprego e consegui meu primeiro trabalho relativamente rápido, em pouco tempo estava trabalhando. E pouco tempo depois, recebendo minha primeira promoção pois fazia todo o trabalho rápido. Em pouco tempo eu era responsável pelo atendimento, pela comunicação interna e por parte do comercial de uma empresa de software.

Mas eu queria me desenvolver mais na área criativa e, por indicação de um ex professor, adentrei em um emprego que prometia mundos e fundos. Eu era ingênua na época e não percebia com clareza as falácias. Nesse emprego, apesar de ganhar menos do que ganhava na outra empresa, pude me desenvolver com cursos de desenvolvimento pessoal e profissional. Pagos por mim com desconto de funcionária. Pasme, a empresa não investia no desenvolvimento do colaborador embora fosse ela própria que provesse os cursos…

Despertar para sentimentos de aridez espiritual: morte

Minha jornada nessa empresa foi marcada por muitos sentimentos contraditórios, eu me sentia confusa. Era elogiada por minhas capacidades e habilidades mas como “recompensa” recebia mais tarefas e menos prazo…

Eu tinha sido “promovida”. Lê-se que: à meu cargo de gerente de marketing foi adicionada a função de gerente comercial. Mas pergunta se meu salário acompanhou essa alteração…

Ao invés disso, eu recebia bônus. Bônus por venda. Por tanto, além de precisar dar conta de todas as funções que não envolviam vendas diretamente, eu também precisava vender mais para ter um salário maior. Ótima medida, para eles.

Pouco a pouco cada um dos funcionários foi desligado: a designer, minha estagiária, os 3 vendedores… Eu era a única funcionária na empresa acumulando mal e porcamente minhas funções e dos outros 5 ex colegas.

Nessa época eu enfrentei muitas mortes… Em novembro de 2019 minha avó faleceu, em dezembro, meu avô… Ao final do ano, fui demitida.

Me fizeram uma contraproposta de atuar como PJ com dedicação exclusiva à empresa por 2 anos. Eu tentei negociar, em troca fui desacreditada, e, ainda assim, assinei esse contrato pois não queria ficar sem dinheiro. Resultado: trabalhei à distância, não recebi e tomei ghosting do meu ex chefe…

Diante do completo vazio e dor, veio a pandemia e eu, assim como muitas outras, passei por um processo de despertar…

Iniciação e descida para a Deusa

Eu senti uma tremenda necessidade de fazer algo com propósito. Mergulhada no Mulheres que correm com os lobos e em ferramentas de autoconhecimento, fui encontrando pedaços de mim há muito esquecidos e até mesmo desconhecidos.

Me percebi determinada, forte, capaz de se reerguer e dar a volta por cima. Independente e destemida. Criei uma marca cujo nome Curandeiras de Nós veio até mim intuitivamente. Comecei a atender individualmente apesar de duvidar e desconfiar da minha capacidade. Criei meu primeiro curso online. Fiz minhas primeiras vendas. E em tudo isso havia um sentimento de conexão e propósito muito claro: contribuir para a autonomia e liberdade de mulheres. Eu sentia (e sinto) em cada pedaço do meu ser esse propósito maior do que eu, uma força que creio emanar das minhas ancestrais…

Anseio urgente pela reconexão com o feminino

Na intenção de levar autocuidado e autoestima para mulheres, eu também me curava. A cada atendimento, uma chave girava em mim e nelas. Permanecia latente em mim o desejo de me reconectar ao feminino. Eu mergulhava cada vez mais nas leituras do feminino sagrado e dos ciclos.

Presenteei minha mãe, avó e irmã com a bíblia do feminino que citei antes. Queria que todas pudessem ter acesso ao que eu tive e mudar suas perspectivas como eu mudei… Eu queria por mim e queria por elas. Eu queria por todo mundo.

Cura da ruptura mãe/filha

Só que em relação à minha mãe, eu sentia desconexão. Fui descobrir com a constelação familiar que em uma tentativa desesperada de me proteger dos sentimentos de dor, frustração, raiva e tristeza que minha mãe carregava e reclamava aos meus ouvidos e de minha irmã, me blindei. Tinha como uma parede de vidro entre nós.

Essa parede entre nós fazia com que todas as falas dela chegassem até mim como cobranças e críticas… Suas palavras ecoavam em mim em nível superficial, mas não penetravam. Isso me trazia angústia porque eu me sentia distante dela. Não conseguia me nutrir mais daquele amor. Foi através da constelação que comecei esse movimento de cura interna e passei a despertar uma mãe interna acolhedora, gentil e incentivadora. Tem sido um processo interessante e em curso esse…

Cura do masculino ferido

O muro que me separava da minha mãe também existia na relação entre eu e meu pai. Afinal, grande parte das frustrações dela vinham da relação deles como casal. Mesmo sem querer, eu havia desenvolvido uma aversão ao meu pai.

Queria mudá-lo, fazer com que ele percebesse que precisava adquirir bons hábitos em prol de sua saúde. Quis muito. Tentei falar, pedir, e até enviei uma carta escrita à mão na tentativa de que mudasse suas atitudes.

Precisei tentar de tudo para entender 2 coisas:
1. que mudar alguém está fora do meu alcance; o máximo que me cabe é falar como me sinto em relação àquilo.
2. meu masculino precisava de cura

Vim de uma família de mulheres com energia yang e homens com energia yin (polaridades invertidas). Esse foi meu repertório.

Vi mulheres dando tudo de si para fazer as coisas acontecerem, no ambiente familiar e no mercado de trabalho. Da parte masculina, vi descanso e sossego na maior parte do tempo…

Integração de masculino e feminino

Como integrar representações positivas de masculino e feminino internamente para que eu possa finalmente manifestá-las em minha vida na forma de relacionamentos saudáveis?

passo 1: estabelecendo e comunicando limites saudáveis, tendo consciência dos meus valores e me movendo de acordo com eles, tomando decisões que protejam minha integridade, deixando a procrastinação de lado para fazer o que precisa ser feito no mundo objetivo para a conquista de meus objetivos e sonhos e dizendo “não” sem dar explicações pois ele por si só é uma frase completa.

passo 2: nutrindo o feminino com flores, perfumes, decoração, criações, embelezando os espaços à minha volta, fluindo com as emoções, sendo compreensiva comigo, cuidando de mim com todo o amor que mereço, me apreciando, me dando prazer, ouvindo minha intuição e me deixando ser guiada por ela, cuidando das minhas finanças de forma digna e sendo quem eu sou em essência…

O processo de entrar em contato com partes suas que precisam ser revisitadas e curadas nem sempre é lindo e gostoso, por vezes tem partes desafiadoras e requer coragem. Por saber que fazer isso com uma guiança gentil torna o processo mais leve e possível é que criei a mentoria ImPulso e guio mulheres em seus reencontros consigo de forma profissioanal desde 2020. Quer saber mais sobre a mentoria ImPulso? Me chame no whatsapp e acesse todas as informações aqui.

Um beijo! <3

Bru

 

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