O que é vulnerabilidade e por que sem ela não há amor
O que é vulnerabilidade, como ela se relaciona com o amor e por que tememos tanto nos entregar aos processos de vida-morte-vida? É sobre isso que vamos falar hoje. Está pronta?
VIVENCIANDO NA PRÁTICA
Curioso como cada vez que eu me proponho a fazer um círculo novo, eu começo a vivenciar as experiências relacionadas ao que vai ser trabalhado no círculo. Quando eu comecei a perceber isso, eu entendi o aspecto espiritual da coisa. Não é novidade pra quem me acompanha aqui há algum tempo que eu acredito que somos seres divinos encarnados na Terra e que aqui nosso trabalho é se reencontrar com a nossa essência, com o nosso coração para que a gente consiga ser e expressar tudo aquilo que verdadeiramente somos e o que viemos fazer aqui.
Acredito que à medida em que vamos descobrindo quais são essas coisas que estão no nosso interior, com as quais temos afinidade, com as quais nos sentimos naturalizados, passamos a viver e expressar nossa verdadeira essência. Isso faz sentido para ti?
Nessa semana, vivenciamos o Círculo Mulheres que Correm com os Lobos baseado na lenda da Mulher-esqueleto. Esse encontro intenso e transformador abordou a vida-morte-vida do amor. Portanto, falamos sobre esse sentimento tão desejado e ao mesmo tempo tão temido.
Por que tememos o amor?
Tememos o amor porque o desejamos com a mesma intensidade. Ou seja, o medo e o desejo andam juntos. São dois lados de uma mesma moeda. Assim como temos desejo por algo, na mesma proporção tememos aquilo que desejamos.
Temos muitas idealizações românticas a respeito do amor, muitas ideias implementadas na nossa cabeça por um imaginário coletivo e social. Em outras palavras, consumimos filmes, séries e novelas que reforçam esse imaginário. Ah se isso servisse para realmente nos aproximar do que é o amor.. seria um favor. No entanto, esse imaginário distorcido a respeito do amor faz com que idealizemos muito tudo. Idealizamos o relacionamento perfeito, a pessoa perfeita, a felicidade eterna… Só que nada disso é real. Nada disso é real e nada disso tem sentido, se for parar pra pensar. Qual sentido teria na felicidade eterna e no relacionamento perfeito? Se estamos aqui nesse planeta para nos desenvolvermos; para aprender a lidar com as nossas limitações; para conviver melhor com as pessoas; para aprender a respeitar as diferenças; entender sobre as diferentes naturezas e por aí vai?
A NATUREZA CÍCLICA DO AMOR
Mesmo estudando o capítulo e me colocando aberta para o amor, ainda temo a mulher-esqueleto, seu ritmo, suas nuances… Quando falo em mulher-esqueleto me refiro à natureza cíclica das coisas, das pessoas, das relações. Em outras palavras, me refiro a tudo aquilo que acontece em ciclos. Que tem seu início, seu apogeu, seu declínio e seu definhamento até a morte para que depois possa se iniciar um novo ciclo.
Falar sobre a natureza da vida-morte-vida no amor lida com muitos medos que temos lá no nosso íntimo. Lembra quando eu falava desse medo e desse desejo andarem juntos? Pois é. Um dos maiores desejos do ser humano, desejo não, anseio, necessidade é o de se sentir amado. E nesse combo de desejo e medo vem alguns medos primordiais, como por exemplo o medo de não ser amada(o); de ficar sozinha(o); de ser abandonada(o); de não ser compreendida(o). Tu sabe do que eu estou falando?
Quando o assunto é amor, é imprescindível que nos coloquemos vulneráveis para que possamos vivenciá-lo em plenitude. E aí é que a coisa começa a ficar mais interessante.
O que é vulnerabilidade?
Vulnerabilidade é o estado de entrega, em que nos permitimos ser vistos em totalidade, sem disfarces, é quando estamos de “guarda baixa”. No amor, nossas características, nossas potencialidades e nossos desafios ficam muito mais evidentes. À medida em que nos abrimos para essa experiência do amor e permitimos que o outro veja a nossa natureza profunda, nos permitindo ficar vulneráveis na presença do outro, ambas as pessoas envolvidas passam a enxergar muitos aspectos que não estavam antes visíveis no outro e em si mesmos. Porque, afinal, o outro funciona como um espelho que reflete tanto as partes boas quanto as partes ruins. Compreende?
Esses aspectos muitas vezes são feios, horrendos, assustadores. E em uma sociedade que buscar a desconexão emocional como forma de sobrevivência e manutenção do sistema, não é natural que aprendamos a aceitar esses aspectos feios. Pelo contrário, é mais normal que neguemos sua existência e façamos de conta que não existem. Mas eles não só existem como podem ser a porta para grandes transformações envolvendo as pessoas que se abrem para a jornada espiritual baseada no amor. E o que é a vulnerabilidade se não a fechadura que destrava essa porta.
O descobrimento do outro, da sua fragilidade, da suas feridas e o reconhecimento no outro das nossas feridas, das nossas fragilidades é o movimento mais profundo e revela(dor). Muitas pessoas temem entrar num profundo estado de entrega e fogem do amor. Seja porque acreditam que precisam sacrificar outras áreas da sua vida. Ou porque foram muito feridas e hoje fogem de se ferir novamente. Enfim, seja pelo motivo que for. No entanto, tenho uma notícia: o amor é o único caminho possível.
A ilusão da segurança
Mesmo que a gente busque se proteger da vulnerabilidade e construa muros ao nosso redor para nos manter em segurança, no terreno conhecido, o amor vai continuar tentando nos encontrar porque esse fenômeno (que é como eu vejo amor) é a experiência mais divina que existe. Algumas pessoas ainda acham que amor exige outro. E o amor romântico exige outro (ou outros), enfim. Mas o amor por si só nasce no centro que existe dentro de cada um e cada uma de nós. Se temos coração, temos capacidade de amar. Dessa forma, se conseguimos olhar para nós mesmos com apreciação e amorosidade, já estamos nos colocando abertas para o envolvimento no amor romântico.
Só que os fins vem junto. Esse é um pacote completo. Não tem como “comprar separado”. Ou seja, vem o início e vem o fim junto. Vem a vida e vem a morte junto. Não existe outra possibilidade. Mas isso assusta. Se temos medo da morte, de morrer, de que os nossos parentes morram, de que os nossos animais de estimação morram, com o amor é da mesma forma. Só que a vida nos ensina que tudo é cíclico.
Nossos corpos nos ensinam sobre ciclicidade todos os meses. A cada lunação. Somos cíclicas e as relações também. Lembremos das espirais! Quando a gente estiver pensando que a gente está vivendo alguma coisa que já viveu, quando a gente pensar que estamos passando pela mesma coisa, não é a mesma coisa. Porque a vida acontece em espiral e por mais que na próxima volta da espiral o caminho seja parecido, o mais importante é que não é igual.
Na vida, só andamos para frente. Certamente, não existe retrocesso. No amor, cada desafio, cada nova fase, cada aprendizado, mesmo que doloroso, é uma oportunidade de evolução. Tu consegue enxergar dessa forma?
Escrevi outro texto sobre o amor tempo atrás, clique aqui para ler.
Um beijo! <3
Bru
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