Poesia de Dia dos Pais
Olhar para o que não quero ver
Sinto que se trata disso
Tem um tempo que decidi olhar
Já fugi muito
Fugia de mim
Cansei
As relações amorosas
São como espelhos da alma
O que te incomoda no outro
É uma questão dentro de ti
Precisa olhar pra isso
Repetição de padrão
Aqui, a dificuldade de dizer não
Às vezes, só a dificuldade de dizer
De expor minhas necessidades
“Qual o primeiro registro disso?”
Penso
A minha criança
Tinha um vazio muito grande
Tinha medo de decepcionar
Em situações extremas
Tinha facilidade de se culpar
Tinha medo de apanhar
Sentia falta do amor do pai
Embora soubesse que havia
Sentia falta de reconhecimento
Sentia falta de sua atenção
Mas a exteriorização..
Essa sempre foi uma questão
Cresceu buscando afeto onde não podia percebê-lo
Dificuldade de expressão
Seguiu sendo uma questão
E se mostrou tantas vezes
Ferida aberta
Ignorar não cura
Culpar não cura
Olhar consciente cura
Destes o melhor que tinhas
Tudo o que fostes capaz
Hoje, crescida, entendo
Fostes também
Criança carente de reconhecimento
E se abraçássemos nossas crianças
E as disséssemos que as amamos pelo que são?
Fomos demasiado duros buscando perfeição
E colhemos frustração
Sem conseguir dar vazão
Me dá tua mão
Essa não precisa ser mais uma questão
Bruna Pinheiro
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