Por que você precisa descansar?

É domingo de lua nova e a reflexão pegou valendo por aqui hoje durante boa parte do dia. Empreender com algo que faz sentido para mim tem seus prós e seus contras. Vou explicar melhor.

O ano de 2019 me trouxe muita reflexão a respeito do entendimento do que eu gosto de fazer e do que faz sentido para mim. Após trabalhar ininterruptamente no meio corporativo desde a minha graduação (janeiro de 2016 até dezembro de 2019), comecei a questionar o formato de trabalho convencional, ao qual estamos habituadas. Para mim, faz pouco sentido ter horas formais de trabalho a cumprir de forma rígida por alguns motivos:

1- não vejo sentido em forjar uma produtividade quando algo não está fluindo

2- necessito de liberdade e flexibilidade de horário para trabalhar bem

3- tenho meu próprio ritmo e tempo e eles simplesmente não combinam com o ritmo e tempo externos a mim

4- me encaixar nos moldes rígidos pré-estabelecidos por outras pessoas fere minhas próprias necessidades

Até aqui, faz sentido para você? Para mim, embora cada vez mais consolidada essa compreensão, algumas implicações me faziam postergar a decisão de fazer uma transição de carreira. A principal delas? A perca da segurança.

Isso mesmo. De natureza ansiosa e com muitas incertezas a respeito do futuro, viver de forma incerta empreendendo nos moldes femininos foi algo que se desenhou como uma realidade antes que eu acreditasse “estar pronta”. E aqui estou eu, sem horários rígidos a cumprir e com gana por contribuir de alguma forma para a vida das pessoas, tenho experienciado a beleza e o pavor de empreender com desenvolvimento humano para mulheres que acreditam no autoconhecimento como uma porta de acesso poderosa para expressar no mundo a sua essência e viver de forma fiel a quem se é de verdade.

Mas esse texto era para falar de descanso, né? Foi justamente o domingo que me trouxe essa reflexão. Agora ficou um pouco mais difícil compreender quanto tempo passo trabalhando. Sinto que muitas das coisas que leio, estudo, pesquiso, me aprofundo, ideias que nutro, pessoas com as quais converso, todas as coisas que venho vivendo estão direta ou indiretamente ligadas ao meu trabalho. Sinto que estou constantemente trabalhando. Só que ao mesmo tempo não sinto que estou trabalhando porque minha mente ainda tem as referências antigas de “moldes tradicionais de trabalho”. Complexo, né?

Tão complexo quanto entender o quanto estou trabalhando é entender o quanto estou me proporcionando descanso. Vida pessoal e trabalho, para mim, estão intimamente ligadas e me sinto mais inteira vivendo dessa forma. Mas e como eu lido com o descanso?

Tenho me lembrado constantemente da necessidade de descansar. É importante permitir-me não fazer movimento algum. É importante me permitir a pausa. Me permitir desfrutar momentos de inteiro prazer e deleite. Não só é importante quanto é necessário. Descansar é necessário.

No livro Mulheres Que Correm Com os Lobos, de Clarissa Pinkola Estés, mais precisamente na lenda Os Três Cabelos de Ouro, a mensagem é clara: descansar é o que precisa ser feito nos momentos em que percebemos que as coisas não estão fluindo como gostaríamos. Faz parte da natureza da nutrição das ideias dar um espaço de pausa entre o surgimento delas e a maturação do que vai ser gerado a partir delas. O descanso se apresenta como uma sabedoria inata à nos mulheres e é necessário para que a parte nossa responsável pela realização/concretização dos nossos projetos no mundo objetivo possa voltar a ter tesão, vivacidade, cor e amplitude.

Agora depois dessa contextualização do meu momento reflexivo, me conta: como aparece a necessidade de descanso por aí? Como você tem lidado com isso?

Um beijo! <3

Bru